domingo, 10 de abril de 2016

Estudantes do IFPE realizaram ato por mais segurança!

Na quinta-feira (06/04), estudantes, professores e servidores, organizados pelo Grêmio Aliança Estudantil Democrática - ALED, realizaram uma manifestação  com o fechamento da avenida que da acesso ao campus, em defesa de mais segurança no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE, o ato durou cerca de duas horas e contou com a presença de vários estudantes.


O campus está situado numa área consideravelmente perigosa, e a algum tempo a precarização da segurança vêem prejudicando a vida da comunidade do IFPE, em especial os estudantes, que por sua vez necessitam usar transporte público, e correm o risco diariamente de serem assaltados, tendo em vista que o número de assalto na região aumentou. A falta de regularidade nos horários dos ônibus é outro fator prejudicial, pois não havendo horários definidos os estudantes ficam esperando, podendo demorar horas, oque aumenta o risco de assaltos.
A responsabilidade de garantir a segurança fora do instituto cabe exclusivamente a polícia (os seguranças que existem no campus nada podem fazer em acontecimentos fora da instituição) infelizmente a policia não vêem garantindo essa segurança, as rondas na localidade não são suficientes e acontecem com baixa frequência.

Com esse cenário de incerteza (se sai de casa e volta vivo ou não) o ALED organizou um protesto, pacifico e simbólico com fechamento e interrupção do trânsito da avenida que passa em frente ao IFPE, o protesto tinha como principal finalidade conseguir respostas e soluções para os problemas da comunidade. A Policia Militar apareceu com algum tempo de protesto e resolveu negociar, para que pudéssemos chegar a uma solução. Uma comissão foi selecionada ( entre ela professores, alunos e servidores) para dialogar com o capitão da p.m., a reunião foi deliberativa e encaminhou depois de alguns minutos de debates as seguintes medidas: Um carro da polícia fixo em frente ao campus, nos horários de picos (manhã, tarde e noite), um grupo específico de divulgamento de ocorridos ou casos suspeitos, um trailer da polícia fixo nas imediações e ainda a possibilidade juntamente com o campus da instalação de câmeras de monitoramento.


O Grêmio acredita que não ha luta perdida, e essa foi mais uma de suas conquistas, mostrando que com a organização dos estudantes podemos conquistar melhores condições de vida e uma educação cada vez melhor, mais amplas e inclusiva. Seguiremos em luta, na defensa dos nossos direitos, contra os retrocessos e por mais segurança!

Ronnie Kollontai - diretor do ALED, UESC, UESPE.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Há 48 anos a ditadura militar assassinava o estudante secundarista Edson Luís


Passados 48 anos, no dia 28 de março de 1968, a ditadura civil militar fascista assassinava o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto de apenas 17 anos no restaurante estudantil Calabouço¹, no Flamengo, Rio de Janeiro. Edson, filho de lavadeira, nasceu em Belém do Pará em 1950 e se mudou para o Rio de Janeiro para cursar o segundo grau, assim como muitos jovens seu sonho era cursar engenharia para dar uma condição digna a sua família.
Edson era um jovem pobre, morava na Zona Oeste do Rio de Janeiro e para ganhar um dinheiro extra, engraxava os sapatos dos colegas mais abastados e limpava o restaurante. As turmas da escola onde Edson Luís estudava, o Instituto Cooperativo de Ensino, era formada majoritariamente por estudantes pobres e se situava atrás do restaurante Calabouço. Os militares apelidaram a escola de “Instituto Comunista de Ensino” pelas lutas que os estudantes travavam dentro do “Calaba” por melhorias nas refeições servidas e pela conclusão das obras no local. As agitações eram organizadas pela União Metropolitana dos Estudantes (UME) e Frente Unida dos Estudantes do Calabouço (FEUC) que tinham suas sedes dentro do próprio restaurante.
Após grandes manifestações dentro do restaurante pela melhoria da qualidade dos alimentos servidos e pelo fim das obras, a ditadura percebeu que o local virara um centro de lutas pela redemocratização do país, o fim do acordo MEC-USAID², mais investimento na educação e agitação comunista.


Em 1967 o restaurante passou ao domínio da ditadura militar (antes era da UME) e com isso sofreu um aumento absurdo no preço, mais uma vez os estudantes agiram e organizaram no dia 28 de março de 1968 uma manifestação relâmpago na rua que se situava o Calabouço. Utilizando bombas os militares tentaram dispersar cerca de 800 estudantes que revidavam atirando pedra e qualquer utensilio que pudesse ser atirado contra a repressão. Decidindo recuar, todos os estudantes decidiram se abrigar dentro do Calabouço. Os militares invadiram o restaurante atirando para todo o lado, as balas acertaram os corpos de 7 jovens, cinco ficaram feridos e dois mortos. Benedito Frazão foi um dos atingidos e morreu no hospital, outro foi Edson, que levou um tiro de uma pistola 45 mm no peito à queima-roupa e morreu na mesma hora.
Com medo de que os militares ocultassem o corpo sem vida, os estudantes, militantes e companheiros de Edson não permitiram que seu corpo fosse levado. Foi decidido que o corpo seria velado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, hoje Câmara dos Vereadores na Cinelândia. Dai então se partiu em passeata até ALERJ, onde foi velado o corpo. O velório foi cercado pela PM, agentes do DOPS e militares que provocavam os manifestantes com bombas de gás.
No dia do enterro, 50 mil pessoas saíram às ruas em homenagem a Edson Luís e protestaram contra a repressão do regime militar. A palavra de ordem que se espalhou em faixas, cartazes e na boca do povo carioca era “Mataram um estudante. Podia ser seu filho!”. Os militares, sem condições de reprimir a manifestação, tentaram escondê-la. As luzes da cidade não foram acesas naquele fim de tarde, mas mesmo assim os motoristas acendiam os faróis dos carros, comerciantes davam velas e lanternas para a população continuar o cortejo.
Nos sete dias que separaram o enterro e a missa de sétimo dia, manifestações foram organizadas em todo o país. Em São Paulo, quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da USP. Em Goiás e no Distrito Federal, estudantes foram baleados em protestos, sendo que dois foram mortos.


Na Igreja da Candelária, na manhã do dia 4 de abril, centenas de pessoas lotaram a igreja para celebrar a missa de sétimo dia. Outra missa estava marcada para o mesmo dia à noite. O governo proibiu sua realização, mas o vigário geral do Rio de Janeiro, Dom Castro Pinto, a realizou. A celebração reuniu cerca de 600 pessoas e dessa vez a Polícia Militar preparou uma repressão nunca vista durante um missa. Segundo relatos, do lado de fora da igreja havia três fileiras de soldados a cavalo com os sabres, um Corpo de Fuzileiros Navais mais atrás e vários agentes do DOPS. Findada a missa, os padres que a celebravam pediram que ninguém saísse da igreja, já que se previa um novo massacre. Os clérigos, então, saíram na frente de mãos dadas e fizeram um corredor entre os policiais e os que saíam da igreja, para que não fossem atacados pela polícia. A medida evitou o massacre ali, mas os militares esperaram que todos os manifestantes saíssem para que fossem encurralados nas ruas da Candelária. Novamente foram dezenas de pessoas feridas.
A morte de Edson Luís serve até hoje como exemplo da luta revolucionária da juventude contra os mandos e desmandos dos capitalistas. É preciso que nós, militantes da UESC, estudantes, apoiadores e pessoas sensíveis às vítimas da ditadura lotemos as ruas em defesa da Memória, da Justiça e da Verdade! Devemos encher as ruas exigindo a prisão dos assassinos, torturadores e financiadores do regime militar.
Os corpos de Edson Luís, Manoel Lisboa, Marcos Nonato, Jonas José de Albuquerque, José Montenegro de Lima não existem mais, contudo seu sangue, indignação e luta regam o ímpeto da juventude revolucionária brasileira.
EDSON LUÍS, PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!